Dia Nacional da Mulher: As conquistas não têm volta 29/04/2022 - 23:07
Desde 1980, celebramos o Dia Nacional da Mulher em 30 de abril. A data surgiu para estimular a integração da mulher no processo de desenvolvimento no Brasil. Naquela época, tínhamos uma nação semianalfabeta, cujo ensino superior era um sonho longínquo até para os homens, imagina para as mulheres. Mas não tem como se falar em “processo de desenvolvimento” sem ligar a questão a uma boa instrução educacional. E hoje, fazendo um comparativo com aqueles tempos, podemos comemorar o que já foi conquistado nesse campo de acesso ao ensino.
A educação formal foi negada às mulheres brasileiras até 1827, quando, enfim, puderam frequentar a escola, mas só em 1879 elas tiveram acesso à universidade. Conforme dados do relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil, do PNUD/IPEA, no ano do surgimento da data comemorativa, 1980, a média de anos de estudos das mulheres no país era de 3,5 anos, passando a 4,9 em 1990, enquanto a dos homens estava em 3,9 e 5,1 anos, respectivamente. Quase 40 anos depois, as mulheres não só aumentaram essa permanência no estudo, como também ultrapassaram a periodicidade dos homens. Assim, em 2019, a frequência de estudos delas estava em 9,6 anos e a dos homens 9,2 anos.
Nas universidades, foi só uma questão de tempo para que elas tomassem conta desse espaço e, hoje, são simplesmente a maioria da população com nível superior. Segundo dados da PNAD Contínua 2019, a população brasileira é composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres com nível superior completo. E elas já estão começando a ser maioria nas exatas. Dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2019, para cursos de bacharelado em engenharia, arquitetura e urbanismo, ciências agrárias, ciências da saúde e áreas afins, mostraram que 55% dos participantes eram mulheres.
Ainda há muito a ser conquistado pelas mulheres para se poder falar em equidade, mas, para uma categoria que, no Brasil, praticamente ficou sem direitos por mais de 400 anos, a caminhada está só começando.
As mulheres tiveram que conquistar o direito de ir trabalhar sem precisar pedir permissão ao marido, de se divorciar de um casamento fracassado, de ter companheiros agressores punidos, de possuir cartão crédito e até mesmo de poder jogar futebol. Hoje, é difícil entender como nenhum dos direitos citados existia no Brasil (e no mundo), mas, ao mesmo tempo, é maravilhoso para as mulheres não conseguirem se ver mais em um mundo com esse cenário. As conquistas já alcançadas não têm volta.