Recentemente, o Hospital colaborou com a elaboração de um protocolo de atendimento a vítimas desse tipo de violência que resultam em gravidez indesejada. A 1ª edição do “Protocolo de Atendimento para a Interrupção de Gravidez Decorrente de Violência Sexual na Macrorregião Noroeste do Paraná”, da Secretaria de Saúde do Paraná (SESA-PR), foi elaborada por uma equipe multiprofissional com assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, médicos, dentistas, residentes técnicos e outros profissionais de todas as regionais que compõe a Macrorregião Noroeste (11ª, 12ª, 13ª, 14ª e 15ª regionais).
Segundo a enfermeira do Ambulatório de Especialidades do HU da UEM Viviani Guilherme Dourado, o documento começou a ser discutido ainda em 2023. Da parte do Hospital, conta com a autoria, além de Viviane, da enfermeira Mariluci Pereira de Camargo Labigalini, do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (NVEH).
O caminho - O documento aborda o fluxo de atendimento para a solicitação de uma interrupção de gravidez, além do papel que cabe a cada serviço no atendimento às vítimas. A paciente, primeiro, entra em contato com a Rede de Atenção à Saúde, que pode ser num serviço de atenção básico ou mesmo no Hospital; disso, caso não tenha entrado em contato diretamente com o Hospital, é direcionada ao HU, sob orientação do Serviço Social, que acolhe e a orienta sobre os procedimentos que podem ser adotados pelo serviço de saúde.
Caso a paciente opte pelo procedimento, passa por atendimento ginecológico e psicológico e tem a solicitação avaliada por um comitê multiprofissional. No Brasil, é permitido interromper a gravidez em três situações: resultante de violência sexual (estupro), em caso de anencefalia ou outras anomalias que impeçam a vida fora do útero e caso a vida da gestante esteja em risco.
A mulher, uma vez esclarecida sobre os processos e termos exigidos, pode escolher pelo aborto ou não. Não é necessário, para atendimento nos serviços de saúde, a apresentação de Boletim de Ocorrência (B.O) para mulheres maiores de 17 anos, embora o Hospital Universitário da UEM incentive sempre a denúncia dos agressores às autoridades competentes.
Atendimentos - A assistente social do Ambulatório do HU, Yolanda Maria Grandizoli, conta que parte importante dos atendimentos de mulheres que desejaram interromper gravidez em caso de violência sexual é de pessoas com acesso à informação, que buscam o serviço de saúde cientes de seus direitos. Um dos objetivos, conta, é ampliar o atendimento e buscar as mulheres que precisam de apoio e, muitas vezes, não sabem que podem contar com o Hospital. “No geral, atendemos mulheres de 20 a 35 anos, predominantemente das cidades da região de Maringá”, esclareceu. A paciente mais jovem atendida neste ano tinha 13 anos, enquanto a mais velha, 44.
Neste ano, foram atendidas 13 mulheres no Serviço Social do Ambulatório. Destas, 10 se enquadraram nos critérios para a interrupção da gravidez. “Independente dessa situação, ainda que não em caso de gravidez, nós enquanto órgão de saúde incentivamos que a mulher procure atendimento em caso de violência sexual. Essa mulher não pode ficar calada”, alertou a assistente social do HU, que lembrou que, até 72h depois do ato, ainda é possível buscar ajuda para evitar gravidez indesejada ou doenças sexualmente transmissíveis (ISTs). “As mulheres que atendemos não buscaram essa ajuda naquele momento. Isso poderia ter evitado a gravidez.”
O Serviço Social do Ambulatório de Especialidades funciona das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira, e atende pelo telefone (44) 3011 9246. O atendimento também pode ser feito presencialmente no HU da UEM, na Rua Mandacaru, 1590, no Parque das Laranjeiras. Para o atendimento, é necessário somente comparecer com um exame de ultrassonografia que indique a gravidez. Menores de idade obrigatoriamente devem registrar Boletim de Ocorrência em delegacia.
Fonte: UEM