Mais de 80% dos casos de câncer não tem relação com a herança genética 21/10/2022 - 09:16
Entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados a causas externas, inclusive o câncer de mama e de colo do útero, que são os alvos das campanhas de prevenção neste mês, pelo Outubro Rosa. O tumor depende de vários fatores para surgir no corpo humano, incluindo o genético. De acordo com o Ministério da Saúde, apesar da genética exercer um importante papel na formação dos tumores (oncogênese), são raros os casos de câncer que se devem exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos.
O câncer de mama é o segundo mais comum entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele. Mas a chance de cura também é alta. Se diagnosticado precocemente, é mais fácil de ser tratado com sucesso, em cerca de 90% dos casos.
Conforme o Ministério da Saúde, o envelhecimento é o principal fator de risco. Outras razões estão relacionadas à vida reprodutiva da mulher, dentre elas a primeira menstruação precoce, não ter tido filhos, a idade da primeira gestação acima dos 30 anos, uso de anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal.
Para obter o diagnóstico precoce, é importante estar com os exames em dia e comparecer às consultas regularmente. Além disso, a mulher deve conhecer o seu corpo para estar atenta aos sintomas de que algo não vai bem. ”Sinais de alerta são o abaulamento (inchaço) na mama, mamilo retraído, ou uma pele que está modificada, vermelha, com o mamilo descamando. A gente orienta essas pacientes a procurarem um médico especialista”, explica a médica ginecologista e mastologista Karina Furlan Anselmi.
Conforme informações da Secretaria Estadual da Saúde do Paraná (Sesa), o câncer de mama atingiu 3.313 mulheres no estado, em 2020. E o do colo do útero, 1.335, também em 2020. Outra informação da SESA mostra que, no ano de pandemia (2020), os exames de mamografia reduziram em 45%, comparado ao ano de 2019. Em 2021, houve uma recuperação de 25%. Em relação aos resultados dos exames, em 2021, 11% das mulheres que realizaram mamografias necessitaram realizar exames complementares para confirmar ou não a suspeita de câncer.
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, demora muitos anos para se desenvolver. As alterações das células que podem desencadear o câncer são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como exame de Papanicolaou). Por isso é importante a realização periódica a cada três anos após dois exames anuais consecutivos negativos. A principal alteração que pode levar a esse tipo de câncer é a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), com alguns subtipos de alto risco e relacionados a tumores malignos. Existem vacinas disponíveis no SUS contra o HPV, que ainda estão com baixa adesão da população.
No Brasil, depois da confirmação do diagnóstico, existe um prazo para iniciar o tratamento. “Quando a gente fala em câncer de mama, e outros também, o tratamento pode ser radioterapia, quimioterapia ou cirurgia. Em até 60 dias, um desses tratamentos devem acontecer”, esclarece Rejane Cristina Teixeira Tabuti, enfermeira, e Chefe da Divisão de Prevenção e Controle de Doenças Crônicas e Tabagismo, na Secretaria Estadual da Saúde. Rejane e Karina aprofundaram o assunto sobre o câncer de mama e colo do útero, no videocast do Ame-se. Assista ao programa completo no site.
Algumas formas de prevenção:
- Há formas de ajudar a prevenir o aparecimento do câncer de mama e do colo do útero. O Ministério da Saúde faz algumas recomendações importantes, já que cerca de um terço de todos os casos de câncer podem ser evitados com alimentação saudável, manutenção de peso corporal adequado e exercícios físicos regulares.
- Procure descascar mais e desembalar menos, por meio de uma alimentação variada com frutas, legumes e verduras, evitando alimentos ricos em gorduras saturada.
- Pratique atividade física regularmente. Isso diminui o risco de câncer de cólon e reto, de mama (na pós-menopausa) e de endométrio. Além disso, reduz o risco de desenvolver obesidade (fator de risco para diversos tipos de câncer).
- Reduza ou evite o consumo de bebidas alcoólicas.
- Amamente. A amamentação exclusiva até os seis meses de vida protege as mães contra o câncer de mama e as crianças contra a obesidade infantil.
- O comportamento sexual também é um fator a ser observado. Iniciar precocemente as atividades sexuais, possuir parceiro sexual com múltiplas parceiras e possuir múltiplos parceiros sexuais são fatores relacionados ao desenvolvimento de infecção pelo HPV, que é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero.
- Realize a Vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano).
- Não utilize quaisquer produtos derivados do tabaco (cigarro convencional, cigarro eletrônico, charuto, cigarrilha, narguilé, fumo para cachimbo).